quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Antonomásia

Antonomásia é uma figura de linguagem caracterizada pela substituição de um nome por outro nome ou expressão que lembre uma qualidade, característica ou um fato que de alguma forma identifique-o. Por exemplo: quando se fala "o apóstolo dos gentios" no lugar de se escrever "São Paulo''. É um caso especial de metonímia, ou seja, uma substituição de um nome por outro que com ele tenha afinidades semânticas. Essa substituição resulta comumente do patrimônio pessoal ou da profissão do indivíduo em causa, em geral conhecidos, que devem ser, pelo menos, facilmente deduzíveis pelo receptor de modo que uma substituição seja compreendida e provoque o efeito desejado.
Anacoluto

Anacoluto, ou frase quebrada, é uma figura de linguagem que, segundo a retórica clássica, consiste numa irregularidade gramatical na estrutura de uma frase, como se começássemos uma frase e houvesse uma mudança de rumo no pensamento - por exemplo, através do desrespeito das regras de concordância verbal ou da sintaxe. Muito frequente na oralidade, onde poderá ser apenas considerado como um erro de construção frásica, num texto escrito dá a sensação de espontaneidade. Na frase de Almeida Garrett, "Eu, também me parece que as leio, mas vou sempre dizendo que não", o termo "eu" é posto em destaque, desligado dos outros elementos sintáticos - no resto da frase, através de uma elipse (o "eu" passa a estar apenas subentendido). Da mesma forma, em "a minha roupa, levo-a sempre àquela lavandaria", frase típica do discurso oral, o termo "a minha roupa" aparece desligada do resto da frase, onde é substituído por um pronome. Muitos autores atuais, contudo, já não classificam estes exemplos como sendo anacolutos porque consideram que não são resultado de qualquer inconsistência sintática, mas apenas um recurso de ênfase.
Elipe

Em geometria, uma elipse é um tipo de secção cônica: se uma superfície cônica é cortada com um plano que não passe pela base e que não intercepte as duas folhas do cone, a intersecção entre o conee o plano é uma elipse. Para uma prova elementar disto, veja esferas de Dandelin.

Em alguns contextos, pode-se considerar o círculo e o segmento de reta como casos especiais deelipses, no caso do círculo, o plano que corta o cone é paralelo à sua base.

A elipse tem dois focos, que no caso do círculo são sobrepostos. O segmento de reta que passa pelos dois focos chama-se eixo maior, e o segmento de reta que passa pelo ponto médio do eixo maior e é perpendicular a ele chama-se eixo menor. Fixando o comprimento do eixo maior e diminuindo o comprimento do eixo menor, obtêm-se elipses cada vez mais próximas de um segmento de recta. A elipse é também a intersecção de uma superfície cilíndrica com um plano que a corta numa curva fechada.

Anáfora

Em retórica, anáfora é a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras no princípio de frases ou versos consecutivos. É uma figura de linguagem comuníssima nos quadrinhos populares, música e literatura em geral, especialmente na poesia.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer,
é um não querer mais que bem querer. (Camões)

Anastrofe

Em retórica, a anástrofe, do grego anastrophé, "investimento", é, dentro das figuras literárias, uma das figuras de posição; consiste em investir a ordem sintáctico habitual ou normal de duas ou mais palavras sucessivas em uma frase. Não sempre se distingue com clareza do hiperbatón, que, a diferença da anástrofe, supõe transposición de um ou mais elementos da oração

Hiperbato

Hipérbato (do grego hyperbaton, que ultrapassa) também conhecido como inversão, é uma figura de linguagem que consiste na troca da ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes e seus determinantes.
Exemplos :
  1. "Aquela triste e leda madrugada" (Luís Vaz de Camões)
  2. "Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero." (Fernando Pessoa)
  3. "Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores" (Osório Duque Estrada, em Hino Nacional Brasileiro)
  4. "Não é que o meu o teu sangue / Sangue de maior primor." (Alexandre Herculano)
  5. Dança, à noite, o casal de apaixonados no clube.
  6. Aves, desisti de as ter!
  7. Das minhas coisas cuido eu!
Polissíndeto

Polissíndeto é o emprego repetitivo da conjunção entre as orações de um periodo ou entre os termos de oração e geralmente é a conjunção "e".

Um exemplo pode encontrar-se neste excerto de lucas :

"Tudo é seco e mudo e de mestura
Também mudando eu fiz outras cores".

Outro exemplo de lucas

"E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito"

Outro exemplo de lucas: "seis mil mannlichers e seis mil sabres; e o golpear de doze mil braços, e o acalcanhar de doze mil coturnos; e seis mil revólveres; e vinte canhões, e milhares de granadas [...] e os degolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de canhoneio contínuo; e o esmagamento das ruínas..." (em Os Sertões).


Pleonasmo

Pleonasmo pode ser tanto uma figura de linguagem quanto um vício de linguagem. O pleonasmo é uma redundância (proposital ou não) em uma expressão, enfatizando-a.

Também denominado pleonasmo de reforço, estilístico ou semântico, trata-se do uso do pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar algo em um texto. Grandes autores usam muito deste recurso. Nos seus textos os pleonasmos não são considerados vícios de linguagem, e sim pleonasmos literários.


Hipérbole

Hipérbole ou auxese é a figura de linguagem que incide quando há demasia propositada num conceito, expressa de modo a definir de forma dramática aquilo que se ambiciona vocabular, transmitindo uma idéia aumentada do autêntico.

É habitual na linguagem corrente, como quando se pronuncia: "Já te ressalvei mais de mil ocasiões, para não retrocederes a proferir-me elevado!".

Eufemismo

Eufemismo é uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão. Consiste na visualização de uma expressão.

É necessário ressaltar que em uma série de materiais didáticos há exemplos inadequados de eufemismo, principalmente no que se refere à morte: "Ir para a terra dos pés juntos", "Comer capim pela raiz" e "Vestir o paletó de madeira" são comuns nesses livros.

Expressões populares têm um caráter cômico, o que pode atender em parte a intenção do eufemismo. Entretanto, seu uso em situações de grande impacto como a morte beira o grotesco e a função dessa figura de linguagem se perde. Um exemplo mais adequado é dizer que o indivíduo "partiu", ou que "deixou esse mundo".



Ironia

A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reacção do leitor, ouvinte ou interlocutor.

Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser activo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição. O termo Ironia Socrática, levantado porAristóteles, refere-se ao método socrático. Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da palavra.

Um aviso de proibido fumar colocado sobre figuras deSherlock Holmes fumando, um exemplo típico da ironia de situação.


Prosopopéia


Prosopopéia é um poema épico escrito por Bento Teixeira em 1601 que narra aventuras de Jorge d’Albuquerque Coelho, então governador da Capitania de Pernambuco. Apesar de poder ser considerado o marco inicial do barroco na literatura brasileira, seu valor artístico tem sido questionado por vários críticos modernos.


Antítese

Antítese é uma figura de linguagem (figuras de estilo) que consiste na exposição de ideiasopostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Esse recurso foi especialmente utilizado pelos autores do período Barroco. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. É uma figura relacionada e muitas vezes confundida com o paradoxo. Várias antíteses podem ser feitas através de Amor e Ódio,Sol eChuva, Paraíso e Inferno, Deus e Diabo.

A antítese é a figura mais utilizada no Barroco, estilo de época conhecido como arte do conflito, em que também há presença de paradoxos, por apresentar oposições nas idéias expressas. Podemos entender como uma "tese contrária", embora não se trate do mesmo "paradoxo" científico. Aqui trata-se de asseverar algo por palavras contrárias, quando a linguagem corrente não tem força de expressão devido à previsibilidade de palavras que se tornaram corriqueiras. Ex: Toninho do Diabo "prega o Evangelho por ANTÍTESE, propondo Lúcifer como deus, a si mesmo como seu bispo e compilando o "Pai Nosso" do Diabo.


Paradoxo

Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é "o oposto do que alguém pensa ser a verdade". A identificação de um paradoxo baseado em conceitos aparentemente simples e racionais tem, por vezes, auxiliado significativamente o progresso daciência, filosofia e matemática.

A etimologia da palavra paradoxo pode ser traçada a textos que remontam à aurora daRenascença, um período de acelerado pensamento científico na Europa e Ásia que começou por volta do ano de 1500. As primeiras formas da palavra tiveram por base a palavra latinaparadoxum, mas também são encontradas em textos em grego como paradoxon . A palavra é composta do prefixo para-, que quer dizer "contrário a", "alterado" ou "oposto de", conjugada com o sufixo nominal doxa, que quer dizer opinião. Compare com ortodoxia e heterodoxo.


Apóstrofe

póstrofe é uma figura de estilo caracterizada pela evocação de determinadas entidades, consoante o objetivo do discurso, que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo chamamento do receptor, imaginário ou não, da mensagem. Nas orações religiosas é muito frequente ("Pai Nosso, que estais no céu", "Avé Maria" ou mesmo "Ó meu querido Santo António" são exemplos de apóstrofes). Em síntese, é a colocação de um vocativo numa oração. Ex.:"Ó Leonor, não caias!". É uma característica do discurso direto, pois no discurso indireto toma a posição de complemento indireto: "Ele disse a Leonor que não caísse"

No discurso político é também muito utilizado ("Povo de Araguari!!!"), já que cria a impressão, entre o público, de que o orador está a dirigir-se directamente a si, o que aumenta a receptividade. Um professor ao dizer "Meninos!" está também a utilizar a apóstrofe. A apóstrofe é também utilizada frequentemente, tanto na poesia épica quanto na poesia lírica. No primeiro caso, podemos citar Luís de Camões ("E vós,Tágides minhas..."); na poesia lírica podemos citarBocage ("Olha, Marília, as flautas dos pastores...")... Existe, graças a esta figura de estilo, uma aproximação entre o emissor e o receptor da mensagem, mesmo que o receptor não se identifique com o receptor ideal explicitado pela mensagem.


Gradaçao


Gradação é uma figura de estilo, relacionada com a enumeração, onde são expostas determinadas ideias de forma crescente) ou decrescente.

Exemplos:

  • Tudo começou no meu quarto, onde concebi as ideias que me levariam a dominar o bairro, a cidade, o país, o mundo... E a desejar o próprio Universo...
  • Meu caro, para mim, você é um simples roedor. Que digo? Um verme... Menos que isso! Uma bactéria! Um vírus!...
  • "O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário." (Olavo Bilac)

Mas muitas vezes a gradação pode acontecer desta forma : no começo do texto se põe uma coisa e no final termina a freqüência.

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